O aumento da prática de desportos náuticos está a fazer crescer o número de pessoas com “ouvido de surfista”, antigamente chamado “ouvido de mergulhador”, cada vez mais um dos motivos frequentes de consulta em Otorrinolaringologia.

Embora as causas exatas que desencadeiam o “ouvido de surfista” não sejam totalmente conhecidas, tudo indica que a culpa é da exposição prolongada à água fria e ao vento, frequente entre quem pratica desportos náuticos. Ao estarem desprotegidos, os ouvidos ficam constantemente molhados e este facto, associado à exposição ao vento e ao frio, promove o aparecimento de exostoses, ou seja, o crescimento excessivo do osso no canal externo do ouvido. “Antes, era conhecida como a doença do mergulhador porque, antigamente, os mergulhadores tinham quase todos este problema. Hoje em dia, é uma patologia quase exclusiva dos surfistas”, explica à be healthy o Otorrinolaringologista Eusebio Caba.

De acordo o especialista do Hospital de Loulé, “todos os surfistas têm maior ou menor grau de exostose”, pelo que é aconselhável a quem pratica desportos náuticos uma visita anual ao médico desta especialidade, para observação e limpeza do canal auditivo. “São patologias crónicas e em casos mais extremos as pessoas têm de ser operadas, porque provoca surdez de transmissão, ou seja, o som não chega ao nervo auditivo”, refere. Na maior parte dos casos, as exostoses não dão sintomas até que atingem uma dimensão significativa. A temperatura da água tem importância no seu aparecimento, mas um fator bastante relevante também se prende com o número de anos de prática. Com o progressivo aumento das exostoses a obstrução do canal vai-se tornando maior, podendo levar a otites externas recorrentes, retenção de água, dor e até perda auditiva.

A prevenção passa por usar proteções auriculares sempre que se vai para a água ou, em alternativa, gorros em neoprene ou capacetes. A observação do canal auditivo por parte do médico especialista, pelo menos uma vez por ano, é também fundamental.